25 de jan. de 2010

Eu Era um Lobisomen Juvenil - Legião Urbana

Não falo como você fala
Mas vejo bem
O que você me diz...

Se o mundo é mesmo
Parecido com o que vejo
Prefiro acreditar
No mundo do meu jeito
E você estava
Esperando voar
Mas como chegar
Até as nuvens
Com os pés no chão...

O que sinto muitas vezes
Faz sentido e outras vezes
Não descubro um motivo
Que me explique porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
O que desejo e o que faz parte
Do meu mundo...

O arco-íris tem sete cores
E fui juiz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm
Suas próprias razões...

Qual foi a semente
Que você plantou?
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito
O que está acontecendo
E daí, de hoje em diante
Todo dia vai ser
O dia mais importante...

Se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...

Não digo nada
Espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei
O que você me falou
Me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar
Tão preocupado assim...

Mesmo se eu cantasse
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato...

Mas se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui...

Ou então não terás jamais
A chave do meu coração...

23 de jan. de 2010

[Considero-me parte] A nova minoria - MARTHA MEDEIROS


  • É um grupo formado por poucos integrantes. Acredito que hoje estejam até em menor número do que a comunidade indígena, que se tornou minoria por força da dizimação de suas tribos. A minoria a que me refiro também está sendo exterminada do planeta, e pouca gente tem se dado conta. Me refiro aos sensatos.


    A comunidade dos sensatos nunca se organizou formalmente. Seus antepassados acasalaram-se com insensatos, e geraram filhos e netos e bisnetos mistos, o que poderia ser considerada uma bem-vinda diversidade cultural, mas não resultou em grande coisa. Os seres mistos seguiram procriando com outros insensatos, até que a insensatez passou a ser o gene dominante da raça. Restaram poucos sensatos puros.

    Reconhecê-los não é difícil. Eles costumam ser objetivos em suas conversas, dizendo claramente o que pensam e baseando seus argumentos no raro e desprestigiado bom senso. Analisam as situações por mais de um ângulo antes de se posicionarem. Tomam decisões justas, mesmo que para isso tenham que ferir suscetibilidades. Não se comovem com os exageros e delírios de seus pares, preferindo manter-se do lado da razão. Serão pessoas frias? É o que dizem deles, mas ninguém imagina como sofrem intimamente por não serem compreendidos.

    O sensato age de forma óbvia. Ele conhece o caminho mais curto para fazer as coisas acontecerem, mas as coisas só acontecem quando há um empenho conjunto. Sozinho ele não pode fazer nada contra a avassaladora reação dos que, diferentemente dele, dedicam suas vidas a complicar tudo. Para a maioria, a simplicidade é sempre suspeita, vá entender.

    O sensato obedece a regras ancestrais, como, por exemplo, dar valor ao que é emocional e desprezar o que é mesquinho. Ele não ocupa o tempo dos outros com fofocas maldosas e de origem incerta. Ele não concorda com muita coisa que lê e ouve por aí, mas nem por isso exercita o espírito de porco agredindo pessoas que não conhece. Se é impelido a se manifestar, defende sua posição com ideias, sem precisar usar o recurso da violência.

    O sensato não considera careta cumprir as leis, é a parte facilitadora do cotidiano. A loucura dele é mais sofisticada, envolve rompimento com algumas convenções, sim, mas convenções particulares, que não afetam a vida pública. O sensato está longe de ser um certinho. Ele tem personalidade, e se as coisas funcionam pra ele, é porque ele tem foco e não se desperdiça, utiliza seu potencial em busca de eficácia, em vez de gastar sua energia com teatralizações que dão em nada.

    O sensato privilegia tudo o que possui conteúdo, pois está de acordo com a máxima que diz que mais grave do que ter uma vida curta é ter uma vida pequena. Sendo assim, ele faz valer o seu tempo. Reconhece que o Big Brother é um passatempo curioso, por exemplo, mas não tem estômago para aquela sequência de conversas inaproveitáveis. É o vazio da banalidade passando de geração para geração.

    Ouvi de um sensato, dia desses: “Perdi minha turma. Eu convivia com pessoas criativas, que falavam a minha língua, que prezavam a liberdade, pessoas antenadas que não perdiam tempo com mediocridades. A gente se dispersou”. Ele parecia um índio.

    Mesmo com poucas chances de sobrevivência, que se morra em combate. Sensatos, resistam.


18 de jan. de 2010

AVATAR - Por Cristovam Buarque



Show de estética/beleza e ética/decência, graças à boa-técnica usada para denunciar a má-tecnica.
Avatar não é para ser visto como um filme. É para ser vivido como uma experiência. Como um carnaval em Olinda, um fim de semana em Nova Orleans (de antes do furacão Katrina), uma visita a Machu Picchu, a Chernobyl (de agora) ou a Auschwitz. Uma experiência que está mais para dentro de nós do que para as imagens em frente, na tela ou na vida.
Claro que isso é transmitido pelos efeitos especiais, ainda mais pela possibilidade de três dimensões, mas também pelo roteiro e sua oportunidade.
A história traz toda lembrança da ocupação das Américas com o genocídio e o ecocídio: os milhões de índios destruídos de Norte aa Sul do continente e a destruição das florestas, a contaminação das águas e do ar, pelo processo de ocupação que começou nos 1500 e continua até hoje com o sistema industrial em vigor. Serve como denúncia da destruição ecológica levando ao aquecimento global e a todas suas consequências.
O filme mostra de forma magistral o confronto entre a brutal alta tecnologia alienada contra a natureza e os povos "primitivos" e a suave e integrada convivência entre esses "primitivos" e a natureza. Ainda passa o otimismo, sem ingenuidade, da vitória do suave integrado sobre o brutal alienado. Mesmo que saiamos do filme imaginando que todos os brutos, derrotados e sendo mandados de retorno para a Terra, voltarão em breve e terminarão vencendo e destruindo o equilíbrio ecológico em Pandora.
O filme é um show a favor da vida e de denúncia do poder tecnológico.
Sem deixar de nos oferecer o sentimento de gratidão à tecnologia que permitiu o filme ser feito. Mostrando que o problema não está na inteligência e criatividade do ser humano, mas no modo como a inteligência e a criatividade são usadas. A luta não é apenas entre o Coronel que usa as máquinas brutais e assassinas e Jake que opta pela natureza. É também entre os que desenham aquelas máquinas de morte e artistas como James Cameron e sua equipe que usaram a inteligência tecnológica para produzir o show, belo esteticamente e decente eticamente, que é Avatar.

13 de jan. de 2010

A lei de cada um - MARTHA MEDEIROS

Texto explêndido!

Wesley Ramos é um menino de 11 anos que mora nos arredores de Sorocaba, SP, e que foi homenageado semana passada pela prefeitura da sua cidade por ter devolvido uma bolsa à dona e tudo o que nela havia, documentos e dinheiro inclusive. Foram concedidas honrarias públicas para o menino honesto.

A cada vez que isso é destacado no jornal, me sinto uma extraterrestre. Viver num país onde os atos que deveriam ser corriqueiros viram manchete é um sintoma da nossa deterioração moral. No jornalismo, existe uma máxima que diz que notícia não é um cachorro morder uma pessoa, e sim uma pessoa morder um cachorro. Wesley, que devolveu o que não era seu, mordeu um cachorro.
O comum tornou-se incomum porque nos habituamos a tomar atitudes desconectadas da ordem social. Na hora de bravatear, somos todos imaculados, os reis do gogó, que salivam de prazer ao apontar as falhas dos outros, mas, na hora de seguir a lei dos homens, refutamos a coletividade e tratamos de seguir nossa própria lei. E a lei de cada um é a lei de ninguém.
A estrada, o lugar mais superpovoado do verão, oferece um demonstrativo desse “cada um por si” que leva a catástrofes. A faixa amarela contínua serve para os outros, não para o super-herói do volante que enxerga mais longe e melhor do que os engenheiros de trânsito. Quantas doses de álcool se pode beber antes de dirigir? Para a lei geral estabelecida, nenhuma. Para a lei de cada um, o limite é decisão pessoal.
Choramos pelos mortos que ficam soterrados nas encostas por causa da chuva, mas dai-nos um terreninho em cima do morro e com vista pro mar, Senhor, e daremos um jeito de conseguir um alvará irregular.
A corrupção é generalizada. Na hora de espinafrar os Arrudas que surgem na tevê, somos todos anjos, mas quando surge uma oportunidade de facilitar o nosso lado, de encurtar caminhos, mesmo agindo incorretamente, não existe lei, não existe ética, existe apenas uma oportunidade que não se pode desperdiçar, coisa pequena, que mal há?
Honestidade e ética dependem unicamente do ponto de vista do cidadão: quando ele enxerga o outro fazendo mal, condena. Quando é ele que age mal, o mal deixa de existir, é apenas uma contingência. Essa miopia se corrige como?
Ninguém está imune a erros, mas seria um alívio se nossos erros se mantivessem na esfera particular. Quando agimos como cidadãos responsáveis pelo bem público, o erro de caso pensado deveria ser um crime. Aliás, é crime. Mas somos hipócritas demais e há muito que invertemos os princípios básicos da cidadania. Wesley foi homenageado por não ser mais um a inventar a sua própria lei, e sim por ainda acreditar na lei de todos.


11 de jan. de 2010

Confiança

Diz a lenda que um alpinista, desesperado por conquistar uma altíssima montanha, iniciou sua escalada depois de anos de preparação.
Como queria a glória só para ele, resolveu subir sem companheiros.
Durante a subida foi ficando tarde e ele não havia se preparado para acampar, sendo que decidiu seguir subindo até que escureceu.
A noite era muito densa naquele ponto da montanha e não se podia ver absolutamente nada. Tudo era negro, visibilidade zero, a lua e as estrelas estavam encobertas pelas nuvens.
Ao subir por um caminho estreito, a poucos metros do topo, escorregou e precipitou-se pelos ares, caindo a uma velocidade vertiginosa.
O alpinista via apenas manchas velozes passando por ele e tina a terrível sensação de estar sendo sugado pela gravidade.
Continuava caindo e, em seus angustiantes momentos, passaram por sua mente alguns episódios felizes e outros tristes de sua vida.
Pensava na proximidade da morte, sem solução.
De repente, sentiu um forte solavanco, causado pelo esticar da corda pela qual estava amarrado e presa nas estacas cravadas na montanha.
Naquele momento de silêncio e solidão, suspenso no ar, não havia nada que pudesse fazer, então gritou com todas as suas forças:
- Meu Deus, me ajuda!
De repente, uma voz grave e profunda lhe respondeu:
- Que queres que eu te faça?
- Salva-me, meu Deus!
- Realmente crê que eu posso salvá-lo?
- Com toda certeza, Senhor!
- Então, corta a corda na qual estás amarrado.
Houve um momento de silêncio e o homem se agarrou mais fortemente à corda.
- Por quê duvidas?
Não crês que sou Deus e posso salvá-lo?
- Sim Senhor, mas…
- Se creres, verás a glória de Deus.
- Corta a corda!
Conta a equipe de resgate, que no outro dia encontraram o alpinista morto, congelado pelo frio, com as mãos agarradas fortemente à corda; a apenas dois metros do solo.

E você, cortaria a corda?



Onde você coloca o sal?

O velho mestre fez uma analogia entre o sal e o sofrimento que passamos em nossa vida. Pediu a um jovem muito triste que enchesse a mão de sal, derramasse em um copo d'água e o bebesse.

- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Ruim! - disse o aprendiz.

O mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse:

- Beba um pouco da água do lago.

Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o mestre perguntou:

- Qual é o gosto?
- Bom! - disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? - perguntou o Mestre.
- Não! - disse o jovem.

O mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou carinhosamente em suas mãos e disse:

- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está à sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras: é deixar de ser copo para tornar-se um lago.

Desconheço a autoria...

10 de jan. de 2010

Do filme "Avatar"

* "Ela fica falando o tempo todo do fluxo e da energia dos animais..."


* Eu estou tentando entender essa forte conexão que o povo tem com a floresta. Ela fala de uma rede de energia que flui através de todas as coisas vivas. Ela diz que toda energia só é emprestada e que um dia tem que ser devolvida."


* "Os Na'Vi dizem que cada pessoa nasce duas vezes. A segunda é quando você ganha seu lugar num povo (para sempre)."


* "Às vezes nossa vida se resume a um único momento insano..."


* "Que o vento leve vocês o mais rápido que puderem..."


* "...Veja o mundo de onde viemos... Não existe verde lá! Eles destruíram a mãe e vão fazer a mesma coisa aqui..."


* "A grande mãe não escolhe lados da batalha. Ela protege somente o equilíbrio da vida..."




9 de jan. de 2010

Trecho do livro Divã - Martha Medeiros

...A pergunta que mais faço é: porque não? Desde pequena, desde que tomei gosto pelo ato de respirar e me senti atraída pelos dias que estavam por vir, horas repletas de novidade, desde que eu despertei para a leitura e que passei a sentir o sabor das coisas de uma forma muito entusiasmada, desde que eu soube que podia pensar e que o pensamento era livre, que dentro do meu pensamento ninguém poderia me achar, desde que meus seios cresceram e eu descobri que pessoas tinham cheiro, desde lá até aqui eu me pergunto: porque não me oferecer para aquilo que não fui preparada?

Eu tenho as armas de que necessito para me defender, e mesmo que eu perca, eu ganho, já perdi algumas vezes e sei como funciona a lei das compensações. Quero acolher com generosidade o que em mim se manifesta de forma incorreta. Não vou pedir permissão aos outros para desenvolver a mim mesma, mando no meu corpo e em tudo o que ele confina, coração incluído, consciência incluída. Talvez eu esteja com receio de ter ido longe demais desta vez e esteja preparando a minha defesa, caso alguma coisa não saia como esperado.

O que eu espero? Não espero nada, espero tudo, estou à deriva nessa aventura. Eu queria cristalizar esse momento da minha vida, mas estou em alta velocidade, e não sei se quero ir adiante, só que eu não tenho opção. Acho que é isso. Eu tinha opções, agora não tenho. Não consigo parar esse trem.

Pesquisadores gaúchos tentam traçar o perfil psicológico do brasileiro


Saúde | 12/12/2009 | 05h14min

Pesquisa ajuda a identificar traços da personalidade e risco de transtornos mentais

Maicon Bock | maicon.bock@zerohora.com.br
Com a ajuda da internet, pesquisadores pretendem traçar o perfil psicológico do brasileiro. Depois de dois anos e meio de trabalho, psiquiatras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) estão lançando um questionário online que permite a cada participante conhecer mais sobre seu temperamento, sua personalidade e o risco de desenvolver transtornos psiquiátricos.

O estudo está centrado no site www.temperamento.com.br. Voluntários com mais de 18 anos são convidados a participar. Até o momento, 2 mil pessoas já responderam ao questionário, avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital São Lucas.

De acordo com o psiquiatra Diogo Lara, professor das faculdades de Biociências e Medicina e coordenador do Grupo de Pesquisa Temperamento e Transtornos Mentais da PUCRS, o objetivo é relacionar o temperamento com a história pessoal, traços psicológicos e transtornos psiquiátricos.

– Vamos começar a analisar os dados a partir de 10 mil participantes e, de março em diante, devemos gerar um artigo científico por mês. Alguns dados mais complexos, porém, só poderão ser analisados quando a amostra chegar aos 50 mil – afirma Lara.

Além de identificar os transtornos mais comuns, os especialistas poderão analisar dados secundários, como o perfil psicológico de homens e mulheres que já fizeram cirurgia plástica estética, fumantes e não fumantes, viciados em chocolate, café ou videogame. Outra possibilidade é verificar se pessoas mais calmas respondem melhor ao tratamento com antidepressivos, por exemplo.

São centenas de perguntas pessoais, divididas em três fases. As questões abrangem o passado e o dia a dia dos participantes, estilo, comportamentos específicos diante de algumas situações e hábitos de saúde, entre outras abordagens.

Ao final de cada fase, o respondente receberá por e-mail um relatório descrevendo o seu temperamento (fase 1), a probabilidade de ter transtornos psiquiátricos (fase 2) e características de personalidade (fase 3). A participação é anônima, mas é preciso informar um e-mail para receber a senha de acesso. Os dados individuais não serão divulgados sob hipótese alguma.

Apesar do resultado individualizado, os participantes não devem encará-lo como definitivo:

– Nada substitui uma avaliação de psiquiatras ou psicólogos para dar um diagnóstico. O questionário serve como triagem, um indicativo de problemas que devem ser confirmados ou não pelo especialista – explica a psiquiatra Miriam Brunstein, pesquisadora colaboradora do estudo.

Sistema identifica desatenção

Para garantir a confiabilidade do estudo, alguns mecanismos foram criados para identificar questionários respondidos sem critério pelos participantes. Algumas perguntas são repetidas propositalmente para comparar possíveis respostas discordantes.

Outra forma de identificar pessoas que respondem qualquer alternativa, sem pensar, é por meio de perguntas que podem induzir a erro. Por exemplo, em determinada ponto, o participante é estimulado, no enunciado da questão, a marcar a opção “às vezes”. Se não seguir a orientação, a atitude é interpretada como falta de atenção.

Os questionários respondidos sem critério são automaticamente excluídos da amostra final. O participante, entretanto, não saberá, e poderá chegar ao fim sem interrupções. Dos 50 mil questionários esperados, a expectativa do psiquiatra Diogo Lara é de que 25% sejam descartados. O índice é considerado normal.

Como responder ao questionário
1 Em www.temperamento.com.br clique no link abaixo da frase Para fazer parte do estudo.
2 No menu à esquerda, clique em Criar cadastro.
3 Leia o termo de consentimento e pressione Aceito.
4 Informe um endereço de correio eletrônico. Ao começar a responder, você receberá uma senha por e-mail. Isso permitirá interromper o teste e retomá-lo mais tarde ou outro dia.
5 Quando retornar, clique em Logar no menu à esquerda. É preciso informar e-mail e senha.
> A partir do momento em que fizer o cadastro, você tem uma semana para concluir o teste. Se preencher sem interrupções, o tempo despendido pode chegar a três horas.
> Não demore muito em cada pergunta. Se você ficar tempo demais respondendo às questões de uma mesma página, ela pode expirar e obrigá-lo a repeti-las para continuar.
> Não existem respostas certas ou erradas. Os especialistas recomendam que você responda como é ou foi determinada situação, e não como gostaria que tivesse sido.
> De preferência, faça o teste sozinho e em um local tranquilo. É a forma de se sentir mais à vontade e responder com sinceridade algumas perguntas mais íntimas.
O SIGILO
> Os dados informados são sigilosos. Os pesquisadores não usarão as informações isoladamente. Apenas o e-mail do participante é informado. Nem mesmo os cientistas saberão a qual endereço eletrônico estão vinculadas as respostas.
> Não são questionados nome, endereço, cidade ou profissão.
As etapas da pesquisa
Preparado ao longo de dois anos por pesquisadores da PUCRS, o questionário online tem quatro objetivos:
> Identificar o temperamento e a personalidade dos participantes
> Avaliar transtornos psiquiátricos que a pessoa tem ou teve
> Avaliar alguns aspectos de história pessoal e familiar
> Identificar características de comportamento e estilo
São centenas de questões. Ao final de cada fase, o participante poderá se conhecer melhor, por meio dos relatórios que receberá por e-mail.
FASE 1 TEMPERAMENTO
> São propostas questões que pretendem caracterizar o temperamento geral ou predominante da pessoa. Existem dois tipos de temperamento: o emocional e o afetivo.
> O emocional é avaliado por perguntas que abordam medo, vontade, controle, raiva e sensibilidade. Todos têm algum grau (baixo, médio ou alto) de cada um.
> Já o temperamento afetivo é dividido em 11 tipos psicológicos. Ao concluir a primeira fase, você receberá uma descrição do seu temperamento emocional ou afetivo. Abaixo, uma descrição breve de 11 tipos de temperamentos definidos na pesquisa:
> Irritável: direto, determinado, irritado e explosivo
> Eutímico: equilibrado, previsível e com boa disposição
> Depressivo: tendência à melancolia, a se desvalorizar e a falar pouco
> Hipertímico: cheio de energia, confiante, curioso, obstinado, falante e com tendência à liderança
> Ciclotímico: com humor instável, alternância entre momentos de alta e baixa disposição e energia
> Obsessivo: exigente, dedicado, perfeccionista, rígido, controlador
> Ansioso: cauteloso, precavido, inseguro e apreensivo
> Disfórico: agitado, ansioso, tenso e irritado
> Apático: desligado, passivo, lento e com pouca iniciativa
> Lábil: dispersivo, desorganizado, precipitado
> Desinibido: inquieto, espontâneo, distraído e inconsequente
Exemplos de perguntas
da primeira fase:
1 Durante minha infância, as pessoas da minha família me chamaram de coisas do tipo “estúpido”, “preguiçoso” ou “feio”.
a) Nunca
b) Poucas vezes ou a menor
parte do tempo
c) Às vezes
d) Muitas vezes ou a maior
parte do tempo
e) Sempre
2 Marque a alternativa com a qual você mais se identifica:
a) Sou uma pessoa medrosa
b) Sou um pouco mais medroso
do que a maioria das pessoas
c) Sou um pouco mais ousado
do que medroso
d) Sou ousado
e) Sou muito ousado
FASE 2 TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
Ao concluir esta fase, o respondente saberá qual é a probabilidade de ter tido ou de desenvolver transtornos psiquiátricos e conhecerá quais são eles.
Podem aparecer pelo menos 15 tipos de problemas: depressão, ansiedade generalizada, transtorno bipolar, fobia social, transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático, anorexia nervosa, bulimia, distimia, transtorno desafiador opositivo, transtorno de conduta, transtorno de personalidade antissocial, transtorno de personalidade borderline, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Exemplos de perguntas
da segunda fase:
Marque a opção que melhor descreve o seu comportamento em geral:
Eu fico muito chateado com falhas na minha aparência física.
a) Nunca
b) Às vezes
c) Frequentemente
d) Muito frequentemente
FASE 3 PERSONALIDADE
Quando concluir o teste, o participante conhecerá suas características de personalidade a partir de sete dimensões: evitação de danos, busca de novidades, apego social, persistência, autodirecionamento e assertividade, cooperatividade e autotranscendência.
Exemplos de perguntas da terceira fase:
Normalmente aceito as pessoas como são, mesmo quando são muito diferentes de mim.
a) Definitivamente falso
b) Boa parte das vezes, falso
c) Nem verdadeiro nem falso
d) Boa parte das vezes, verdadeiro
e) Definitivamente verdadeiro
Muitas vezes sinto que minha vida tem pouco sentido ou propósito.
a) Definitivamente falso
b) Boa parte das vezes, falso
c) Nem verdadeiro nem falso
d) Boa parte das vezes,
verdadeiro
e) Definitivamente verdadeiro
Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Geral&newsID=a2747093.xml

8 de jan. de 2010

A dificuldade de ser hippie - MARTHA MEDEIROS

  • Na véspera do último dia 31, publiquei uma “Carta a 2010” na qual, entre outros desejos, pedi para termos um ano mais paz & amor. Pra não ficar só na teoria, passei o Réveillon numa praia uruguaia que ainda não frequenta a mídia, pra felicidade geral dos nativos. Fui a Punta del Diablo, a apenas 40 quilômetros de Chuy, um local sem a infra e a badalação de Punta del Este e que ainda preserva uma rusticidade que nos remete aos anos 60/70. Fazia tempo que eu não via nada tão “pode crer”, um astral tão mochileiro, nem garotada tão bonita e despojada. Foi a legítima volta no tempo. Imaginei Búzios sendo descoberta por Brigitte Bardot e Garopaba descoberta pelos surfistas, numa época em que ninguém estava interessado em modismos ou aparências, apenas em se divertir sem repressão. Eu sei que o mundo mudou e Punta del Diablo está mudando também: aposto as minhas fichas em que dentro de três ou quatro anos o boom imobiliário irá transfigurar esse astral ainda genuíno da praia (e esta crônica pode estar colaborando pra isso), mas a verdade é que fazia muitos anos que eu não me sentia tão à vontade e tão bem instalada numa era que passou, mas que ainda reconheço como minha, mesmo nunca tendo sido. Há em mim uma hippie que não fui por ter nascido alguns anos atrasada.


    Foram quatro dias de sol rachando, mar azul e dolce far niente, sem notícia alguma do Brasil. Ao final do breve descanso, percorri os 500 quilômetros de volta a Porto Alegre e fiquei sabendo, estarrecida, que o litoral do Rio de Janeiro esteve inundado, soterrado, incapacitado de qualquer festejo nesse final de ano, e, diante da tragédia vivenciada por tanta gente, senti um tremendo desconforto, tive que cair na real: o mundo hippie exige uma alienação quase impossível de ser adotada hoje em dia. Quem não quiser sofrer, que vá pra Punta del Diablo em definitivo, não volte mais. Aqui, a vida exige participação.

    Foi só a primeira má notícia de 2010. Ano novo não é sinônimo de ano incólume, ano utópico, ano intacto. Serão mais de 360 dias comuns e falíveis. Mas dói quando caímos das nuvens assim tão na boca do ano, tão na estreia, como já aconteceu anteriormente, a exemplo de tragédias como o naufrágio do Bateau Mouche no Réveillon carioca de 1988 e o tsunami indonésio em 2004.

    Que seja. Dói, mas ainda podemos tentar manter a serenidade diante do reverso das expectativas felizes que todo início de ano impõe. Tentemos, mesmo contra a maré, mesmo informados sobre o inferno lá fora, manter uma alma hippie, um espírito mais desapegado diante de tanta parafernália, de tanto supérfluo incutido como essencial. Adoraria que desenvolvêssemos uma humanidade mais retrô, que a simplicidade virasse tendência de comportamento e nos ajudasse a promover um astral mais puro e leve nesta nova década que se inicia – aliás, que só se iniciará mesmo em 2011, a antecipação é uma ilusão, mas as ilusões fazem parte do pacote paz & amor de que precisamos urgentemente.

Agulhas invisíveis - Gilberto Bueno Fischer *

A opinião pública ficou chocada com a história da criança que foi espetada com agulhas em diversas partes de seu corpo e que teve que fazer diversas cirurgias para removê-las. A comoção foi semelhante àquela verificada no ano anterior quando uma criança foi jogada pela janela pelo pai e por sua madrasta (ao que se sabe). Esses eventos caracterizam o extremo da agressão à criança, que, infelizmente, tem um espectro muito maior do que o que é percebido pela maioria das pessoas (exceto as que lidam com esse assunto em seu dia a dia). A demonização dos autores de tal barbárie determina uma espécie de sentimento no qual a culpa da agressão a crianças fica focada em apenas algumas pessoas.

Infelizmente, muitas agulhas invisíveis são espetadas em crianças diariamente, por pessoas aparentemente saudáveis mentalmente e em diversos níveis sociais. Ações agressivas mais lentas e de resultados tardios são infligidas a crianças através de atitudes que fazem parte da rotina das pessoas.

Uma gestante que fuma está expondo o feto a uma série de produtos tóxicos que levarão o bebê a nascer com um pulmão deficiente, o que pode favorecer inúmeras doenças já no primeiro ano de vida. Outro produto tóxico recente que tem deixado muitos recém-nascidos vulneráveis a uma série de danos físicos é o crack. Já se acompanham em ambulatórios e em maternidades bebês sofrendo de sintomas graves por terem sido expostos a esse tóxico durante a gravidez.

Outra agulha invisível aplicada em crianças de maneira lenta é decorrente da exposição da criança a familiares alcoolizados que demonstram, através de atitudes, agressividade e comportamentos inadequados diante delas. Pais que permitem (e até incentivam) festas regadas a álcool em suas próprias casas em aniversários de pré-adolescentes ou de adolescentes estão espetando agulhas “comportamentais” em seus filhos. Os pais que demonstram através de atitudes violentas no trânsito que não respeitam regras estarão promovendo uma deseducação em seus filhos, o que é uma forma sutil mas “eficiente” de agressão de efeito lento, mas, muitas vezes, permanente.

Portanto, ao nos defrontarmos com situações-limite de agressão, temos que lembrar que, muitas vezes, ações violentas sutis estão sendo impostas a crianças sem que mereçam manchetes e que a preservação da saúde física e mental da criança passa por uma série de ações educativas preventivas que temos que cultivar continuamente.


* Médico pediatra, professor titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre