Acho que eu magoei profundamente alguém esses dias. É
estranho ter esse tipo de clareza, porque eu me sinto meio boba com a sensação
de que aumento o sentimento, mas... acho que magoei e com força.
Eu sempre tento reproduzir aquela lógica do karma − não faça
aos outros o que não gostaria que fosse feito a você −, então me blindo com a
justificativa de que sempre fui sincera nos meus relacionamentos, nunca enganei
ninguém, nunca menti, nunca prometi mundos e fundos... Mas é confuso. É tudo
tão confuso. Porque de alguma forma quando você olha nos olhos do outro, beija
na boca do outro e sente o corpo, a energia, recebe e entrega carinho, suas
almas se conectam, né? Você “promete” sentimentos mesmo que nem perceba que
promete. Podem me chamar de romântica, boba e pisciana. Eu sou.
Acho que a gente pode tentar banalizar o amor e o sexo da
forma que quiser, mas se houver dentro da gente ainda um pouco de sentimento
pela vida, pelas pessoas, pelo universo, a gente nunca vai conseguir enxergar
do outro lado só mais um pedaço de carne. Não vou dizer que, como em “O pequeno
príncipe”, as pessoas são responsáveis por aquilo que cativam mas... Quantas e
quantas vezes, em uma relação modesta mas repleta de carinho, você já não
esteve do outro lado e alimentou em si mesmo e sozinho uma expectativa que foi
devastada por alguém que nunca havia prometido nada a você?
Acho que eu magoei profundamente alguém esses dias. E eu nem
queria. Mas fiz.
Esse texto está ficando estranho e denso demais pra uma
primeira coluna. Eu queria falar de um assunto leve, mas é que a vida nem
sempre é leve. Às vezes nossas atitudes são duras e agudas, coisa de quem já
sofreu tanto e se abriu tanto em outras histórias, que prefere se revestir com
a armadura e a espada de alguém que escolhe não sentir apenas para não correr o
risco de sofrer.
Acho que o mocinho (esse que eu mencionei lá no início) não
soube bem o que fazer com tanta transparência. Ele tentou e ofereceu o que
podia, do jeito que sabia, mas eu julguei e desdenhei.
Acho que no fundo eu só queria era dizer: “Não seja um
otário comigo. Já sofri tanto... Me conquiste!”
No fundo eu nunca disse. No fundo ele não leu.
(E nos perdemos pra sempre... assim.)
Em tempo: O mundo é redondo e ele gira. A energia que a
gente envia pro universo sempre acaba voltando de alguma forma. Envie medo e é
medo que ele trará a você. A maior verdade de todas é mesmo esta: Se queremos
amor é amor que temos que oferecer, não receio, titubeio, covardia. Tudo aquilo
que você entrega pro universo... é quase sempre o que ele devolve pra você. Se
proteger pra não sofrer, no fim das contas, faz mesmo é com que percamos a vida
e o melhor da experiência. Nem sempre vai ser bonito. Nem sempre com final
feliz. Mas no fundo o importante mesmo é que.. SEJA.