SOBRE QUASE TODAS AS COISAS.............. [Um pouco longo, mas leia.... Se bastar, as partes destacadas....]
Quando saímos de nossa antiga gravadora, Warner music, que foi a responsável pelo desenvolvimento de nossa carreira de 2002 até 2006, saímos porque entendemos que naquele instante não cabia um disco onde fizéssemos releituras de sucessos e lados b, simplesmente porque tínhamos em nossos sentimentos uma série de questões que precisavam ser expressas por novas canções. A WEA por uma necessidade normal de mercado apostava que teríamos um sucesso relevante com aquela oportunidade de um formato composto por violões, cordas e tudo mais, relembrando hits que explodiram nas rádios no início dessa década. Nós nunca fizemos absolutamente nada somente pelo dinheiro ou pela busca desse sucesso instantâneo e tão aclamado por parte do público atual que passou a acreditar piamente que a super-exposição é quem determina se um artista tem valor ou não. Creio até que eles possam estar certos de um ponto de vista simples, os valores estão constantemente se invertendo. Talvez esteja eu congelado num pensamento onde o conteúdo e a busca por um trabalho embasado num engajamento poético, político não caiba mais há essa geração. Ao tentar evoluir e buscar como artista o esmero que minhas referências vindas lá dos anos oitenta ofereciam a sua geração, talvez tenha errado na mão e caído na armadilha mais óbvia desse mercado. As coisas mudam. Como explicar a uma garotada que cresceu exposta a um nível de informação extremamente rápido como a internet, com valores completamente diferentes dos que foram tratados há tempos atrás, com sentimentos e comportamentos voltados muito mais para interesses individuais, que ainda há gente sonhando com as utopias do velho pensamento que acreditava que a arte poderia mudar o mundo? Não há mais espaço para utopias em rádios ou TV. Não há um público tão grande interessado em argumentos políticos e numa estética que já tentou mostrar que o Brasil é apenas um país regido por latifundiários, coronéis, empresários e banqueiros que estão cagando para a cultura e para o nível intelectual da população. Alguns dedos desavisados podem vir me acusar de compactuar com essa vertente que oferece apenas músicas “românticas”, afinal de contas, grandes sucessos de minha banda chegaram ao público assim. Mesmo diante de tal evidência, aposto meu dedo mindinho que esses mesmos nunca ouviram nossos discos inteiros e não sabem que neles sempre existiu o outro lado, ou seja, esse que estou explanando. Ao optar por uma oportunidade no mercado em busca dos holofotes e da mídia jogamos o jogo e desejamos que nossa canção encontrasse seu espaço em meio a este mar de bandas que lutam por um lugar ao sol no cenário nacional, mas isso nunca significou omissão. Basta lembrar que ao longo destes sete anos em que estamos rodando esse continente, nos shows, tudo isso que estas lendo sempre fora até exageradamente imposto por mim, criando inclusive muitos problemas para o Detonautas, fechando portas e afastando a gente de diversos lugares. Se Deus existe ou não, não faz tanta diferença para mim. O que faz a diferença é a fé. A fé e o respeito pela crença alheia. Se tudo isso que expus nas linhas que antecederam esta conclusão foi obra divina ou não, não faz diferença. O que faz diferença é que sempre assumi a responsabilidade de lutar por meus objetivos de maneira honesta. A fé sempre esteve presente na minha vida, independente do Deus que eu tenha cultuado. Provavelmente o meu não é o mesmo que o seu e provavelmente o seu não é o mesmo de outros milhares de seres humanos. Cada um tem sua forma de enxergar Deus ainda que existam guias, sejam eles, padres, pastores, pais de santo ou qualquer outro que se coloque na terra como representante legítimo de uma divindade superior. Volto a bater na tecla do respeito pela opinião e pelo questionamento alheio. Não existem verdades absolutas, ninguém prova nada, então não venham com suas certezas como se fossem lanças dispostas a atravessar nossas cabeças. Acredite no que quiser e deixe que os outros acreditem ou não. Tenho somente que assumir a responsabilidade por nossos atos é o melhor a fazer, pois fica muito confortável sempre dizer que foi DEUS quem quis isso ou aquilo, como se não fossemos nós os verdadeiros agentes de tudo o que acontece em nossas vidas. Quando insisto nos questionamentos, nos debates, nos textos que posto nesse blog, na necessidade da leitura, do estudo, da luta pelo sonho é porque imagino que essa seja a minha “missão”. Não uma missão divina, uma missão terrena. Um motivo para continuar vivendo, apostando, querendo ir adiante. As perguntas óbvias e feitas desde que o homem é homem não serão respondidas nem por mim nem por ninguém. Se existe vida após a vida, se existem espíritos, se existe céu ou inferno, isso não pode ser parâmetro para que eu tome minhas decisões nessa existência. O parâmetro a meu ver é o que de conseqüência estarei plantando e o que hei de colher com minhas atitudes aqui, nesse planeta terra. Faço por mim e pelos meus, por crer que somos nós quem vamos usufruir disso tudo. Quando ataco, sei que serei atacado. Quando respondo, sei que poderei ser respondido. Quando ofendo, sei que serei ofendido. Quando erro, sou capaz de reconhecer e pedir desculpas, não faço isso por Deus ou por temê-lo. Faço isso pelo bem estar de meu coração e de minha mente, assim como pelo respeito que tenho pela raça humana.
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