3 de jun. de 2012

Mudanças [Ana Jácomo]

Quando nos dedicamos, com o coração, à busca do autoconhecimento, é inevitável que chegue um instante em que algumas mentiras que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais. 
Os disfarces até então utilizados para fortalecer o nosso autoengano já não nos servem. 
Inábeis com a paisagem aos poucos revelada, às vezes ainda tentamos nos apegar a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos ser com as novidades, por mais libertadoras que sejam. 
É em vão. 
Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos caminhos. 
Existem portas que se desmancham após serem atravessadas, como sonhos que se dissolvem ao acordarmos. 
Não há como retornar ao lugar onde a nossa vida dormia antes de cruzá-las. 
Da estreiteza à expansão. 
Da semente à flor. 
Do casulo às asas, ensinam as borboletas.

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