4 de jul. de 2009

**Eu acho que nós somos, homens e mulheres, seres inacabados, mas com uma diferença radical em face do inacabamento das árvores, do inacabamento dos outros bichos, por exemplo. E no momento mesmo em que nos tornamos capazes de nos saber inacabados, seria uma imensa contradição se ao mesmo tempo não nos inseríssemos num movimento que é permanente e que é um movimento de busca, um movimento de procura. O processo em que nos inserimos de permanente busca eu venho chamando de “vocação do ser mais”. Na busca ou no processo de busca da completude dessa “vocação do ser mais”, nos perdemos. Há uma indiscutível possibilidade de distorcer o processo de busca do ser mais e a essa distorção eu chamo de desumanização. Quer dizer, a desumanização, por isso mesmo, não é virtuosa. A desumanização é um acidente trágico a que nós estamos sujeitos no processo de buscar a nossa humanização crescente. O que nós temos pela frente é exatamente essa caminhada em que “ser” e “deixar de ser”, se embatem. Haverá sempre a possibilidade das “trágicas desistências de ser”. A grande tarefa nossa de passar pelo mundo é exatamente a da briga constante, permanente pela busca do “ser mais”.**


[Paulo Freire]

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