27 de jul. de 2009

P S G {By Carlos Stein}


O que faz uma mulher gostar de um homem ainda é, para mim, insondável, mas o que um homem ama numa mulher é, essencialmente, o sorriso que ela dá quando ele conta uma piada sem graça.

As piadas sem graça – ou PSG – são, de longe, o que há de mais revelador numa relação.

Declarações românticas são ok, mas convenhamos, estão desgastadas e muitas vezes carecem de sinceridade e imaginação, além de ter muitas pretensões.
As PSG têm só uma: aquele sorriso.

Os homens puxam cadeiras e pagam contas nos restaurantes, ouvem, ou fingem ouvir com atenção tudo o que elas dizem – às vezes mais embevecidos com o jeito delas dizerem do que com o conteúdo –, dão flores – alguém ainda faz isso? –, lembram de todas as datas, inclusive do aniversário da sogra – aí dão flores para ela! – puxam o saco do sogro, não falam de futebol a toda hora, enfim, vivem fazendo coisas para tentar agradá-las. As mulheres só precisam se preocupar com isso: o sorriso – sempre sincero – das PSG.

Uma série de PSG é sempre uma tentativa de início ou resgate de uma relação. Se ela sorri, uma porta está aberta. Se não, corra.

O sorriso sincero de uma PSG é inescapável. É impossível simulá-lo, já que uma PSG só pode ser identificada como tal se houver amor, ou pelo menos, algo parecido. Senão é como dizer: Olha! Um carro vermelho!

Percebe?

Existem, é claro, as piadas engraçadas, ou PE. Mas as mulheres não riem das piadas, riem dos homens que as contam. O que não é necessariamente ruim. Mas só as PSG são reveladoras.

Aí está um termômetro: uma mulher, por sua vez, pode saber muito a respeito de um homem pela qualidade de suas PSG. Um bom contador de PSG tem plena consciência de sua falta de graça. De outra forma, seria um chato banal. Um bom PSGista busca, obstinadamente, aquele sorriso. Quando o conquista, articula outra arremetida, incansável. Desenvolve o vício, voluntário, no vislumbre dos dentes da amada.

Quando um homem cerca uma mulher de PSGs, na verdade está tentando descobrir o que só quinze ou vinte anos de relação ou um exame completo de DNA poderiam – com margem de erro maior – evidenciar.

As PSG são, ou deveriam ser, a última coisa que submerge numa relação. Numa boa relação.

Às vezes, não desaparecem nunca.

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