1 de jul. de 2008

Louco ou Certinho? O que você prefere?

**Entre o louco e o certinho, fico com o primeiro. Entre Lobão e Zezé di Camargo, prefiro mil vezes uma entrevista do velho lobo. O cordeiro não me interessa tanto. Os cordeiros são previsíveis e do óbvio eu quero distância...

Quando digo “louco” me refiro ao que contesta, ao que contradiz, ao que não se contenta com o lugar comum, ao que bota o dedo na ferida ou simplesmente tem sua própria maneira de agir, não seguindo normas e regras pré-estabelecidas por alguéns. Dentro desse raciocínio, Chico Buarque tá incluído no time. Caetano. Paulo Francis. Peréio. Até Silvio Santos tem vaga, jogando em outra posição. Talvez fosse mais justo chamar de “não-careta”. Porque caretice é um estado de espírito. Não tem nada a ver com sexo, drogas ou rock´n´roll. Conheço gente que nunca colocou sequer uma gota de álcool na boca e é de uma loucura capaz de fazer Glauber Rocha se revirar de inveja no túmulo. Ao mesmo tempo, sei de pessoas da Bolsa de Valores, gente engomadinha, que progride em todas as carreiras, mete a napa, mas é tão careta que bota o Padre Marcelo Rossi no chinelo. Loucura é que nem estilo: ou você tem ou você não tem.
Todo mundo tem um lado Gandhi e outro João Gordo. Não sou estudioso da mente humana, longe de mim querer ser um psicólogo ou conhecedor profundo do assunto. Mas como espectador vou sempre preferir os depoimentos do Romário aos do Kaká. “Entrou agora no ônibus e já quer sentar na janela”, disse o Baixinho após atrito com um certo ex-técnico do Fluminense. Se fosse o Kaká talvez tivesse dito: “Deus vai me ajudar e eu tenho fé que vou recuperar meu espaço, se Deus quiser, graças a Deus”... papo tão chato que nem Deus agüentaria. É isso. Os caretas são chatos. E, dizia Cazuza, “não há perdão para o chato”.

Coloque um disco do Roberto Carlos dos anos 70 e depois o mais recente. A diferença é brutal. Talvez só Tim Maia (o mais louco dos loucos) tenha mantido a genialidade dentro da caretice, afinal, seus discos da fase “careta” são obras-primas. As aspas foram obrigatórias e assinam embaixo do que eu disse antes. A loucura nada tem a ver com o que a pessoa ingere. Durante sua fase Racional, Tim ficou limpo. Não bebia, não cheirava nem mentia um pouquinho, mas potencializou seu suíngue com dois trabalhos incríveis.
Mas mesmo os loucos precisam manter os pés no chão. Nem todo mundo é um Mick Jagger, que vive provando que um homem aos 60 anos pode ter passado por tudo, fazer rock´n´roll e ainda ser magro! Ele e Keith Richards (que garante nunca ter tido problemas com drogas, só com a polícia) divergem de colegas roqueiros como Jim Morrison, Janis Joplin, Brian Jones e Jimmy Hendrix, que ao morrer assinaram a tese de que 29 anos talvez seja a idade média ideal para se morrer de overdose. Para o mais fissurado dos fãs talvez soe como heroísmo. Roquenrrol! Atitude! Mas para mim soa como patético. Morrer de overdose é como dar um tiro no pé. Um atestado de uma luta perdida para si próprio. E, como bem disse o maluco beleza Raul Seixas, “não se vence uma guerra lutando sozinho”.


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