5 de fev. de 2011

Cientistas defendem 5 momentos para início da vida humana

 Os cientistas não têm consenso sobre o momento exato em que começa a vida humana, mas há cinco hipóteses mais aceitas.
Cada uma delas, listadas pelo biólogo americano Scott Gilbert no livro "Biologia do Desenvolvimento", parte de uma característica considerada essencial à existência dos seres humanos.
A primeira é a abordagem genética. Para ela, já há vida no momento da fecundação, porque a união do espermatozoide ao óvulo dá origem a uma nova combinação de genes -um DNA inédito.
"Há vários pontos, inclusive éticos, a considerar, mas eu acredito que a fecundação marca o início da vida", afirma o especialista em reprodução humana Arnaldo Cambiaghi. A maioria das religiões apoia esse conceito.
A geneticista da USP Lygia Pereira diz que a definição do novo genoma é "sem dúvida importantíssimo para o início da definição de vida", mas afirma que isso não significa que seja o ponto definitivo no conceito de vida.
"Existem muito mais fatores", diz ela, que prefere não apontar um momento único.
Editoria de Arte/Folhapress


DEPOIS DA FECUNDAÇÃO


Outro fator, por exemplo, é o início da gastrulação -processo de divisão que dá origem aos diferentes órgãos.
Disso surge uma posição diferente da Cambiaghi, que diz ser necessário esperar até essa divisão começar para determinar o início da vida.
A gastrulação começa quando o zigoto, que a partir desse ponto é chamado de embrião, instala-se no útero.
Boa parte dos abortos espontâneos acontece ainda nesse estágio e a mulher sequer percebe a gravidez.
Um terceiro fator considerado é a atividade neuronal. Como a morte cerebral é interpretada como fim da vida humana, por simetria, o começo da atividade cerebral marcaria o seu princípio. Essa é a opinião da embriologista da USP Irene Yan.
"Como indivíduo, o ser humano começa com o desenvolvimento da atividade cerebral", afirmou ela.
Boa parte dos cientistas considera que isso ocorre após o primeiro trimestre de gravidez, mas há divergência sobre o momento exato.
Para Yan, o critério de vida precisa ser adaptado em cada espécie. "Ouriços do mar, por exemplo, não têm cérebro. Precisamos, então, encontrar outros critérios que determinem a formação de nova vida para essa espécie."
Bem menos difundida, mas também presente, é a abordagem ecológica, uma quarta linha de pensamento. Para ela, a vida começa quando o feto já é capaz de sobreviver fora do útero, o que aconteceria normalmente no sétimo mês de gestação.
Com o avanço da medicina, no entanto, esse critério fica mais difuso, pois há casos de bebês que sobrevivem nascendo bem antes.
Um último ponto de vista defende que o feto só existe como vida quando se torna biologicamente independente de sua mãe.
No Brasil, esse é o conceito usado para determinar quando o indivíduo passa a ter alguns dos seus direitos constitucionais básicos -o feto só tem personalidade jurídica depois do nascimento.

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