26 de jan. de 2012

Ninguém Conhece a Si Mesmo [Luigi Pirandello]

Julga que se conhece, se não se construir de algum modo? 
E julga que eu posso conhecê-lo, se não o construir à minha maneira? 
E julga que me pode conhecer, se não me construir à sua maneira? 
Só podemos conhecer aquilo a que conseguimos dar forma. 
Mas que conhecimento pode ser esse? 
Não será essa forma a própria coisa? 
Sim, tanto para mim como para si; 
mas não da mesma maneira para mim e para si: isso é tão verdade que eu não me reconheço na forma que você me dá, nem você se reconhece na forma que eu lhe dou;
e a mesma coisa não é igual para todos e mesmo para cada um de nós pode mudar constantemente. 
E, contudo, não há outra realidade fora desta, a não ser na forma momentânea que conseguimos dar a nós mesmos, aos outros e às coisas. 
A realidade que eu tenho para si está na forma que você me dá; 
mas é realidade para si, não é para mim. 
E, para mim mesmo, eu não tenho outra realidade senão na forma que consigo dar a mim próprio. 
Como? 
Construindo-me, precisamente. 

[in "Um, Ninguém e Cem Mil"]

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