8 de mar. de 2012

Doidas e Santas [Martha Medeiros]

Toda mulher é doida. 
Impossível não ser. 
A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. 
Uma tarefa que dá prá ocupar uma vida, não é mesmo? 
Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca.
Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: 
exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. 
Pois então. 
Também é louca. 
E fascina a todos.
Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.
Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. 

E santa, fica combinado, não existe. 
Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? 
Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra.

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