7 de mar. de 2012

A ecologia das emoções [Adriana Del Ré]


Dupla de psicólogos espanhóis adapta o conceito de sustentabilidade ambiental às relações pessoais e ensina como cuidar melhor do nosso ecossistema interno

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Você sabia que tudo o que se aplica à natureza também pode fazer parte do nosso cotidiano? 
É que, da mesma forma que poluímos o ar que respiramos e a água que bebemos, também sujamos nosso meio ambiente interno e provocamos um verdadeiro efeito estufa sentimental – leia-se: sentir-se exausto, estressado, depressivo, não conseguir se concentrar ou dormir e por aí vai. Se isso está acontecendo com você, os psicólogos Jaume Soler e Maria Mercé Conangla, da Fundação ÀMBIT (Instituto para o Crescimento Pessoal de Barcelona), advertem: talvez esteja na hora de rever suas relações e cuidar de sua ecologia emocional.
Autores do livro Ecologia Emocional – A Arte de Cultivar Sentimentos Positivos, publicado no final do ano passado pela Editora Best Seller, Soler e Maria escreveram a quatro mãos uma espécie de bê-á-bá sobre o tema, mostrando ao leitor como apostar na sustentabilidade emocional, decodificando os sentimentos e canalizando a energia que eles produzem. Não fazer isso, significa contribuir não apenas para a própria infelicidade mas também para o desequilíbrio do espaço a sua volta. “Temos de tomar consciência de que formamos parte de um ecossistema humano e natural, no qual todos somos peças importantes e que influímos no conjunto”, escrevem os autores. E insistem: “Nossas ações e nossa passividade têm um impacto no clima emocional global, fazendo com que aumente o desequilíbrio, o sofrimento, a doença e a destruição.”
Por definição, ecologia emocional é a arte de gerir nossas emoções de tal forma que a energia gerada por elas sejam dirigidas a nosso crescimento pessoal, ao aperfeiçoamento de nossas relações interpessoais e à construção de um mundo mais harmônico e solidário. Na obra, os psicólogos traçam continuamente um interessante paralelo entre a natureza e o homem, ressaltando, por exemplo, que ambos são submetidos a ciclos de vida e de morte.
Eles até tomam emprestado o conceito dos Rs (Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reaproveitar, Reciclar, Recusar, Recuperar), aqui resumidos a três: reduzir os contaminantes emocionais, reciclar os recursos e emoções e recuperar a harmonia. “Temos de reduzir o  nível de tóxicos que emitimos, reutilizar e reciclar capacidades e habilidades adormecidas e curar feridas para conseguir harmonia”, explicam. Os autores também elaboraram um glossário psicoecoafetivo e incluíram termos “botânicos” que ajudam a descrever mazelas que afetam o ser humano, como adubo emocional, dejetos emocionais, contaminação emocional, entre outros. Veja exemplos abaixo.
Segundo a psicóloga mineira Arleime Fogaça, uma das principais representantes e difusoras do conceito aqui no Brasil, quando a pessoa aprende a elevar suas vibrações e a atingir os estados iluminados interiores, passa a dominar a paz interior. “Assim, ela se torna capaz de remover traumas, tensões, medo, e relaxar vários sistemas do corpo e da mente”, explica. “Com a remoção dos lixos psíquicos e a expansão dos estados de paz, surge a calma, e o aumento da performance emocional e afetiva.” É como cuidar bem daquela rosa no jardim.


Glossário psicoecoafetivo


Adubo emocional: são vitaminas emocionais, elementos nutritivos que reforçam e melhoram nosso desenvolvimento afetivo e crescimento pessoal: carinho, reforço positivo, ternura, amor, bom humor etc.


Buraco de ozônio: perda da proteção de nossa autoestima, o que nos faz vulneráveis a todos os contaminantes, julgamentos e valores externos.


Sentimentos biodegradáveis: ainda que possam provocar sofrimento e desequilíbrio, podem ser transformados positivamente e serem canalizados para ações reparadoras. Por exemplo: a ira pode se transformar na reparação de uma injustiça; a inveja, num desejo de superação pessoal.


Contaminação emocional:  emissões descontroladas de tóxicos emocionais, tais como juízos e opiniões negativas, queixas, críticas cruéis, insultos etc. São liberadas inconscientemente e podem inundar o ambiente.


Lixo emocional: resíduos derivados de emoções mal gerenciadas. 
Correspondem a sentimentos como medo, raiva e mágoa. A consequência de acumular esses sentimentos resulta em um habitat contaminado e na falta de autoconfiança e de autoestima.

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