18 de fev. de 2012

Alice, o tempo e o chapeleiro louco


- ‘Você já adivinhou a charada?’, perguntou o Chapeleiro, virando-se novamente para Alice. 

- ‘Não, eu desisto’, Alice respondeu. ‘Qual é a solução?’ 
- ‘Eu não tenho a mínima idéia’, disse o Chapeleiro. 
- ‘Nem eu’, disse a Lebre de Março. 
Alice suspirou enfastiadamente. 
- ‘Eu acho que você deveria fazer coisa melhor com seu tempo’, ela disse, ‘ao invés de gastá-lo com charadas que não têm resposta.’ 
- ‘Se você conhecesse o Tempo tão bem quanto eu conheço’, o Chapeleiro falou, ‘não falaria em gastá-lo como se fosse uma coisa. Ele é uma pessoa.’ 
- ‘Eu não sei o que você está dizendo’, disse Alice. 
- ‘Claro que não!’, o Chapeleiro disse, sacudindo a cabeça desdenhosamente. ‘É muito provável que você nunca tenha falado com o Tempo!’ 
- ‘Talvez não’, Alice replicou cautelosamente, ‘mas eu sei que tenho que bater o tempo quando estudo música.’ ‘
- Ah! Isso explica’, concluiu o Chapeleiro. ‘Ele não suporta apanhar. Agora, se você ficar numa boa com ele, poderá fazer o que quiser com o relógio. Por exemplo, suponha que sejam nove horas da manhã, bem a hora de começar a fazer as lições de casa, você apenas tem que insinuar no ouvido do Tempo e o ponteiro dá uma virada num piscar de olhos! Uma e meia, hora do almoço!’ (‘Eu queria que fosse’, a Lebre de Março disse para si mesma num sussurro.) 
- ‘Isso seria ótimo, com certeza’, disse Alice pensativamente; ‘mas então... eu poderia ainda não estar com fome, você sabe.’ 
- ‘A princípio não, talvez’, retomou o Chapeleiro, ‘mas você poderia ficar na uma e meia da tarde tanto tempo quanto você quisesse.’


(Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, cap.7)

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