26 de jul. de 2010

Aprendendo a lidar melhor com o filho adolescente


A passagem para a vida adulta é um momento de crise tanto para os adolescentes, como para os pais deles. Nessa fase, além de enfrentarem inúmeras mudanças físicas, os jovens vivenciam transformações importantes em sua maneira de encarar o mundo.
 
“Isso sempre os leva a rejeitar o ‘antigo’, isto é, as formas de pensar e se comportar dos familiares, tendo em vista a busca de seu desenvolvimento pessoal”, explica a psicóloga Beatriz Accioly. Segundo a terapeuta, tal distanciamento é algo particularmente difícil de encarar por parte dos genitores, pois estes são levados a “se despedir” do filho-criança e a se relacionar com o adulto que começa a aparecer.
 
Diante de tal cenário conturbado, quais seriam as melhores alternativas para se estabelecer um bom relacionamento com os filhos? Accioly destaca que é função dos pais demarcarem limites, mas isso não significa ser autoritário. “A disciplina é algo que, de preferência, deve ser ensinada desde a primeira infância. Quando o filho se encontra na adolescência, o caminho mais adequado sempre é o diálogo”, afirma. A psicóloga enfatiza que é por meio dele que regras, deveres e as conseqüências do descumprimento desses acordos devem ser claramente negociadas.
 
Como o adolescente está procurando se diferenciar e, assim, definir a própria identidade, outro procedimento interessante a ser adotado pelos pais é maneirar as críticas. “Deve-se evitar censurar coisas como o modo de vestir, de se maquiar, o gosto musical ou a cor azul dos cabelos. Se o jovem vai se rebelar de alguma forma, é melhor que seja apenas nesses aspectos menos importantes”, adverte a especialista. 

Ela defende ainda que os familiares podem expressar suas opiniões sem necessariamente repudiar o comportamento dos filhos ou tratar o afastamento deles do núcleo familiar como uma afronta pessoal, o que pode gerar um grande conflito. “Além disso, a crítica excessiva pode afetar a auto-estima do adolescente, fazendo com que ele se torne inseguro”, continua.

Accioly ainda observa que é preciso certa atenção nesse processo de aproximação. “Os pais podem ter um relacionamento próximo com os filhos, mantendo o diálogo aberto; carinho e amor são essenciais para se construir uma relação de troca efetiva. Entretanto, há uma diferença entre ter uma ligação amigável e ser o ‘amigão’”, questiona.
 
Conforme ela explica, é importante falar com o rebento como se conversasse com um adulto, mas tendo em mente que, na verdade ele ainda é um adolescente. “Pais são pais, não são amigos. Se eles se tornam apenas colegas do filho, ele fica sem ter alguém que exerça as funções paternas. Então tudo pode e não há quem lhe coloque limites ou o proteja”, reforça.

O que fazer diante do consumo de drogas
 
Uma preocupação que aflige boa parte dos pais é a possibilidade de uso de drogas por parte de seu filho adolescente. Se isso realmente começa a acontecer, o que se deve fazer? “A melhor coisa é conversar abertamente com ele, sem gritos ou ameaças, e procurar, sobretudo, a ajuda de um psicólogo especializado em uso de substâncias entorpecentes”, sugere a terapeuta. Caso o jovem se negue a buscar ajuda, Accioly ainda destaca que os pais podem e devem buscá-la por ele. “Um profissional vai ajudá-los a abordar a questão da melhor maneira possível”, conclui.

Fonte: Beatriz Accioly, participante do Núcleo de Adolescência e Escolha da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, CRP: 06/77900

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